quarta-feira, 20 de agosto de 2008

REFORÇO DO COMPORTAMENTO INCOMPATÍVEL

"Parece que o meu filho também se interessou pelos livros que estou a ler porque os encontrei fora do lugar onde os tinha colocado.
Não percebi muito bem aquilo que fez com a senhora de 55 anos em quem foi diagnosticado um cancro maligno e fatal.
A Alice incentivou-me a voltar a entrar em contacto consigo porque se lembra vagamente de o ter ouvido falar num caso semelhante nas aulas.
Pode-me dar mais algumas informações sobre isso?
Agradeço todo o apoio que me possa dar porque parece que está a dar algum resultado. Terei sorte?
Sou a amiga da Alice."



Para a amiga da Alice:
Vi o seu comentário quando estava a preparar-me para enviar mensagem anterior mas apresso-me a dar as indicações que me pede.
Com a senhora de que falei no post sobre SIDA usei a técnica do reforço do comportamento incompatível descrita em COMO MODIFICAR O COMPORTAMENTO 3, Técnicas e exemplificada em outros livros.
Esta técnica, em termos simplistas, consiste em desviar a atenção da pessoa para coisas diferentes da qual não desejamos falar ou evidenciar.
No caso dela, a sua doença preocupava-a muitíssimo e era nisso que todos falavam dando-lhe conselhos para ficar mais calma, distrair-se, sair com os amigos, etc., e até a pensar noutra coisa. Se bem lhe diziam isto, pouco faziam para que ela conseguisse distrair-se porque continuavam a dar conselhos e a «inventar» consolações para o seu mal.
Quando na consulta de psicologia o marido disse que ela era uma pessoa muito alegre e dada às festas, notei que ela se tinha entusiasmado. Aproveitei a oportunidade para continuar a consulta sem o marido e verificar se ela falava, com o mesmo entusiasmo, daquilo a que o marido se tinha referido.
Quando verifiquei que ela se entusiasmava com as recordações aproveitei a oportunidade para a estimular a pormenorizar as mesmas e a continuar assim durante muito tempo.
Ajudei-a a entrar em relaxamento e a recordar com o máximo pormenor diversas passagens felizes da sua vida. Incitei-a a ficar entusiasmada com isso e a continuar a lembrar-se disso durante o sono ou nos sonhos.
Na consulta do dia seguinte, o marido notou o seu entusiasmo e boa disposição no final da sessão psicoterapêutica. Na terceira sessão, quando o marido quis saber o que se passara na sessão anterior, «expliquei-lhe» a técnica e o porquê de a
utilizar. Por isso, ele também começou a utiliza-la, em casa, com a mulher induzindo os amigos a fazerem o mesmo.
Ninguém falava em «desgraças», «doenças» ou «consolações». Todos se recordavam dos bons momentos que tinham passado e quase rivalizavam uns com os outros para contar as suas «façanhas».
Passados cerca de quatro meses, quando a senhora deixou de comparecer à psicoterapia, o marido veio agradecer o apoio dizendo: “Foi-se subitamente mas pelo menos foi bem disposta.”
Esperava descrever este caso num livro que estou a preparar mas vou-me antecipar a seu pedido. Até pode ser que o inclua, mas garanto que é uma das melhores técnicas a ser utilizadas sem «efeitos secundários» que, se houver, só podem ser benéficos.

Em 2018, já existe na colecção da Biblioterapia o 18º livro «PSICOTERAPIA… através de LIVROS…» (R), destinado a orientar os interessados para a leitura e consulta adequada de livros, desde que desejem enveredar por uma psicoterapia, acções de psicopedadogia, de interacção social e de desenvolvimento pessoal, autonomamente ou com pouca ajuda de especialistas.


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3 comentários:

Anónimo disse...

Há dias, entrei no El Corte Inglés e vi o seu novo livro sobre SAÚDE MENTAL sem psicopatologia. Comprei-o imediatamente porque na Plátano não existia nem me tinham falado dele, embora a mesma senhora que sempre me atendeu tivesse sido muito simpática e prestável.
Depois de chegar a casa, o meu espanto foi não encontrar o livro na sala onde estava a lê-lo e descobri-lo no quarto do meu filho.
Oxalá que sirva para ele aprender alguma coisa sobre a vida. Sinto-o mais brando e falador. Não sei se estou a conseguir utilizar com ele a tal técnica de «desviar a atenção».
Espero que, desta vez tenha mais sorte do que tive depois da separação do marido.
Já sabe que sou a amiga da Alice.

Paula Andrade disse...

A técnica de «pensamentos positivos» fez-me lembrar aquilo que se pode fazer sem saber coisa alguma de psicologia ou psicoterapia.
Por exemplo, nos momentos em que estamos «em baixo», utilizar alguma coisa que faça lembrar bons momentos, tal como um filme agradável, uma música, uma conversa, uma pessoa, um objecto.
Cheguei a ver uma pessoa da minha família, muito chegada, utilizar a música agora disponibilizada em «http://www.youtube.com/watch?v=TzRWUJlWt8g» quando parecia estar a sentir-se aborrecido com qualquer assunto desagradável.
Dizia ele que se lembrava do filme donde a música provinha e que lhe trazia muito boas recordações.
Agora penso que ele não poderia continuar a ter más recordações enquanto estivesse a ouvir a música ou ver o filme que até poderia «imaginar» na sua cabeça.
O efeito desta imaginação até se poderia prolongar por muito tempo.
Isto não é o «reforço do comportamento incompatível»?
Paula Andrade

Mário de Noronha disse...

Acabei de ver o comentário. No momento da sua «aprovação» posso responder que SIM à sua pergunta.
É só pela possibilidade de uma resposta rápida que me interessa a moderação dos comentários.
Quando entro no meu blog, sou obrigado a lê-los, mesmo que se refiram aos posts antigos. Isto não me acontece com o e-mail que quase nunca utilizo.
Acabou de se referir às possíveis técnicas de «reforço do comportamento incompatível» e de «imaginação orientada».