quinta-feira, 4 de setembro de 2008

FOBIA

"Tomei conhecimento do seu blog e, como percebi que também trata problemas comportamentais, penso que pode dar-me uma grande ajuda.
A minha família vive num apartamento no 5º andar. Um dia, quando meu pai descia no elevador para ir trabalhar, este parou de repente e ele ficou lá fechado e sozinho. No entanto, como a avaria foi complicada e só passadas 2 horas é que foi socorrido, saiu de lá muito pálido e quase desmaiou. Nos dias seguintes, utilizou sempre as escadas e, até hoje, nunca mais conseguiu entrar num elevador.
Actualmente, já tem 50 anos e sobe e desce as escadas com muita dificuldade. Nós receamos que a situação se agrave, que ele adoeça e então não consiga mesmo descer e subir as escadas. Somos pobres e não temos recursos suficientes se o meu pai de repente adoecer, visto que ele é o principal suporte monetário da nossa família.


Tenho esperança que possa ajudar-me para que meu pai volte de novo a entrar nos elevadores.
Aguardo a sua resposta."




Recebi a sua mensagem há dias quando tinha entre mãos uma resposta também difícil. Aproveitei o tempo de reflexão para reler alguma coisa sobre as fobias e a modificação de comportamento. Posso dizer-lhe que o seu pai «ganhou» esta fobia dos elevadores com a sensação de alívio que sente em não ir nos mesmos para evitar o desconforto ou medo que o assoberbou quando esteve fechado no episódio que me descreveu.
Isto quer dizer que ele sente reforço secundário negativo aleatório quando não entra no elevador: a fuga livra-o de voltar a sentir, de forma cada vez mais convincente à medida que o tempo passa, o
desconforto que já sentiu outrora.
Em primeiro lugar, foi pena ele não ter sido obrigado a entrar no elevador logo depois do incidente, para verificar que o mesmo não ocorria de novo.
Em segundo lugar, o tempo, a repetição diária dos eventos de «fuga ao elevador» e a sua continuação no tempo são inimigos muito poderosos e aumentam esse medo.
Em terceiro lugar, falar com ele e tentar convencê-lo de que não existe perigo deve ser pouco eficaz.
Em quarto lugar, estes casos só se podem reduzir com uma boa psicoterapia, demorada e com assistência técnica fidedigna.
Veja no Sucesso na Vida! Porque Não? o caso do António e o modo como ele «ganhou» o medo dos gatos. Está lá proposta uma solução terapêutica. Não será idêntica para o seu pai mas pode tirar daí algumas ideias gerais.
No caso do seu pai, se não conseguir ter apoio dum psicoterapeuta, pode tentar conversar com ele
muitas vezes, calma e racionalmente, quase que «obrigando-o a recordar o «seu» incidente e tentar diminuir suavemente o «estatuto» do mesmo.
Quando ele conseguir falar no assunto de forma banal, pode tentar viajar com o seu pai num elevador novo e bom duma casa diferente, só para o 1º andar. Se ele aderir à ideia, depois de voltar a experimentar o elevador várias vezes e de ter a certeza de que ele o utilizaria sozinho, pode acompanhá-lo para um 2º andar. Depois de consolidada a situação, pode tentar subir um pouco mais acompanhando-o até que ele consiga ir sozinho. Deve continuar assim por diante até ter a certeza que ele pode viajar sozinho sem medo e não por vergonha.
Vai necessitar de muita paciência, coragem, sangue frio, capacidade de convencimento e, especialmente de muito tempo e muita calma.
Para isso, necessita de ler bastante. Os livros que recomendo, além do indicado, são os 5 volumes de,
COMO MODIFICAR O COMPORTAMENTO especialmente aquele que é dedicado às técnicas.
Além disso, preocupe-se em tentar perceber muito bem como se utilizam as técnicas de dessensibilização, moldagem, modelagem, reforço do comportamento incompatível e facilitação social.
Pode ter de conjugar todas elas ou escaloná-las ao longo da obtenção dos resultados na psicoterapia. Não vai ser uma tarefa fácil mas, se conseguir, dou-lhe os meus mais sinceros parabéns.
Utilize sempre a razão e o calculismo e não a emoção, a não ser de forma controlada e comedida e «a pedido» como os actores.
Boa sorte.

Em 2018, já existe na colecção da Biblioterapia o 18º livro «PSICOTERAPIA… através de LIVROS…» (R), destinado a orientar os interessados para a leitura e consulta adequada de livros, desde que desejem enveredar por uma psicoterapia, acções de psicopedadogia, de interacção social e de desenvolvimento pessoal, autonomamente ou com pouca ajuda de especialistas.
  

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3 comentários:

Anónimo disse...

Obrigada pelas indicações dadas. Já comprei dois livros e emprestaram-me dois.
Tenho muita dificuldade em seguir qualquer indicação.
Vou tentar ver o que possa fazer.
Deus me ajude também.

Anónimo disse...

Também eu tentei seguir as indicações conseguidas através do livro indicado.
Não tive sorte com os gatos dos quais tenho medo desde os meus 7 anos de idade.

Anónimo disse...

Vou tentar resolver o meu medo de conduzir na cidade. Bem posso precisar disso dentro em breve.
Entretanto, vou praticando melhor o relaxamento e a imaginação orientada.