segunda-feira, 20 de outubro de 2008

CONFUSÃO NA EMPRESA

"Acabei de ler os seus livros STRESS? Reduza-o Já, SUCESSO NA VIDA! Por Que Não?, Para Que Serve a Psicologia? e Psicoterapia Para Quê?, emprestados por uma amiga.
Estou a praticar aquilo que foi recomendado à Cristina mas não consigo fazer a auto-análise. Suponho que vou ficar por um diário, porque aquilo que me deita abaixo é a situação na empresa onde o clima está pior do que nunca com a crise que se instalou de repente. Se a situação não era boa, agora tornou-se pior ainda. Estou perto do Centro do país e tenho poucas possibilidades de me deslocar para psicoterapias ou aconselhamentos. Ainda bem que a minha amiga me veio visitar há bastante tempo, com uns livros na mão e com vontade de descansar mais do que um fim-de-semana. Agora, fornece-me os livros de vez em quando e eu mantenho alguma prática de

relaxamento para o que tenho tempo, especialmente à hora de dormir.
Consultei o seu
blog que, com a ajuda da minha amiga, me deu a ideia de lhe perguntar se me pode ajudar na minha dificuldade na empresa onde sou chefe dum departamento com cerca de 15 a 20 operários sob as minhas ordens.
Estou em stress permanente, com confusões que nunca mais acabam. Tenho 35 anos.
Se me puder ajudar, agradeço imenso.


Recebi o seu e-mail e, para que outros também possam beneficiar com as informações que vou dar, transcrevi-o quase na íntegra.
Pensei nele durante o fim-de-semana. Embora não saiba o que se passa consigo, julgo que deve ser algo relacionado com situações de conflitos laborais, medo de despedimentos, falta de encomendas ou dificuldades financeiras. Suponho que não será qualquer
litígio com os patrões.
Em qualquer dos casos, antes de tudo, tem de manter a calma ou recuperá-la rapidamente quando tiver de tomar uma decisão ou enfrentar uma situação nova. Tem de raciocinar friamente, pondo de lado todas as emoções.
Para isso, tem os livros que citou. Continue a prática que já começou e que é muito importante. Nenhuma consulta ou aconselhamento lhe pode dar essa prática (treino) que é indispensável. Veja também como a Isilda da DEPRESSÃO? Não, Obrigado! teve os seus problemas e reagiu. Continue a consultar o meu blog. Pode ser que algum dos posts com as respostas a outras pessoas lhe possa interessar.
Como julgo que está inserido num ambiente de trabalho que não lhe é favorável neste momento, aconselho a ler também DO CONFLITO À GESTÃO E À DECISÃO NEGOCIADA que lhe pode dar uma ideia ligeiramente diferente daquela que tem da situação organizacional e sobre a qual tive de falar com os meus alunos do ISMAT até ao
fim do ano passado. Pode dar uma outra perspectiva de como gerir um conflito. Mesmo em caso de frustração. Será o seu caso?
Se não conseguir qualquer apoio com isso, terá de recorrer pessoalmente aos serviços de um colega com quem se pode aconselhar mais pormenorizadamente.
Desejo-lhe boa sorte bem como à sua amiga a quem também recomendo que não deixe de praticar os exercícios que já começou.

Presentemeente, existe o livro «PSICOTERAPIA... através de LIVROS...» (R) para orientar os que desejam ebveredar por uma recuperação autónoma ou com pouca ajuda de especialistas.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

DESABAFO



São dez da manhã do dia 1 de Outubro e acabei de ver na RTP1 parte duma reportagem a dizer que, em Lazarim, Caparica, uma escola tinha «importado» dos EUA um método para trabalhar com crianças deficientes, salvo erro, autistas. Poucos meses antes tinham anunciado que a Associação de Crianças Autistas, em Belém, estava a ter um apoio importante dum «especialista» dos EUA para a educação e reabilitação das suas crianças.
Quando Joe Morrow, Professor da Califórnia State University, San Diego, esteve nessa Associação, em 1977, desabafou comigo para dizer que nós não utilizávamos minimanente as nossas potencialidades. Isto deu origem a um artigo intitulado Crianças

Autistas Têm Associação em Belém, publicado no nº 1806, de Fev de 1978, no Ecos de Belém.Posteriormente, esteve na mesma Associação outro colega que teve o mesmo desabafo que eu aceitei porque penso que:
O Estado, ou os seus mandantes e funcionários, «intelectualizam» tudo e preocupam-se mais com a forma e a aparência do que com a realidade e as questões práticas.
O Estado não ajuda ou ajuda pouco e, quando ajuda, os pais também não colaboram. Parece existir uma crença geral de que tudo o que é estrangeiro é bom.O que se «avançou» desde então, em 30 anos, a não ser adquirir equipamentos que, às vezes, ficam esquecidos ou obsoletos?

Em princípios de 1978, depois da minha mulher se ter especializado em ensino integrado no Castle Priory College e de:
- termos apresentado a comunicação PORTUGAL: integration or special schools? no Seminário da

Sociedade Internacional de Paralisia Cerebral realizado em Março de 1876, em Oxford;
- preparado, em Julho de 1976, um texto de apoio sobre INTEGRAÇÃO, um ano de experiência;
- termos tido uma experiência muito reconfortante e reforçante para os educadores com uma criança «deficiente» descrita no artigo Deficiência e Condicionamento Operante, de Maio de 1977, publicado no nº 163, de ABR-JUN, de 1978, da Revista Hospitalidade, da Casa de Saúde do Telhal;
- termos publicado, em Julho de 1977, no PARQUE (do Centro de Bem-Estar Social de Queluz), o artigo Podem os

Pais Ajudar a Educar os seus Filhos Autistas? preparado em Maio de 1977, depois duma visita à Associação de Crianças Autistas, em Belém, o Centro de Bem-Estar Social de Queluz fez, em finais de 1977, uma proposta ao Ministério de Educação e Investigação Científica e à Fundação Calouste Gulbenkian para uma experiência pedagógica piloto com 10 crianças «deficientes», com e sem possibilidades de escolaridade, desde que houvesse também o envolvimento dos pais.
A experiência piloto, «prata da casa» sem qualquer «importação» dos EUA, teria apenas a duração de seis meses úteis e, se ao fim de 3 meses obtivesse bons
resultados, o MEIC deveria tomar a iniciativa de promover acções de formação para os professores, pais e outros auxiliares que fossem trabalhar neste sistema.
Neste projecto estariam envolvidos uma professora de integração destacada pelo MEIC, um psicólogo, um contínuo e, eventualmente, tarefeiros, se necessário.
A experiência custaria cerca de 360.000$00 (um professor ganhava, nessa ocasião, cerca de 12.000$00 por mês), aluguer duma sala, se necessário, e empréstimo de equipamento audio-visual como projector de diapositivos, máquina de filmar, gravador e reprodutor de som, etc.
A Fundação Calouste Gulbenkian comprometeu-se, verbalmente e a custo, a colaborar financeiramente e o Ministério poderia

emprestar o material necessário e destacar o professor. Os pais não teriam quaisquer gastos financeiros com esta experiência educativa.
Esta experiência visava utilizar essencialmente as técnicas de modificação do comportamento que tão bom resultado tinham dado com uma criança de 7 anos de idade, cuja inscrição tinha sido rejeitada numa escola especial particular muito conhecida, em Lisboa. A criança tinha frequentado nos últimos dois anos esta escola onde, com o seu comportamento, perturbava o trabalho da professora e dos colegas.
Com esta boa experiência, os pais de outras crianças entusiasmaram-se e quiseram o mesmo para os seus filhos. Talvez se tivessem

esquecido ou desconhecessem, por completo, que o trabalhofeito pelos educadores deve ser continuado em casa para potenciar os ganhos obtidos e para reduzir os custos.
Depois de alguma espera, chegou a autorização escrita, durante o período de férias de Verão. A primeira decepção do psicólogo foi quando, com o papel na mão e mais satisfeito do que um cão a abanar o rabo à chegada do dono amigo, foi dar a notícia. Contactou o pai dum dos futuros educandos, responsável pelo grupo dos pais que teria de implementar todo o processo e que, naquele momento, ia para a praia com o filho pela mão. A resposta que o psicólogo ouviu depois de ter dado a notícia, foi: “Mesmo em férias não tenho sossego?” A segunda decepção foi quando na primeira
reunião, 
os pais das dez crianças, não quiseram elaborar uma escala nem
comprometer-se a ajudar os educadores, dois de cada vez, para aprenderem, por modelagem, a «trabalhar» com os filhos em casa. Diziam que esse trabalho era para os técnicos e que eles não tinham coisa alguma a ver com isso. Aquilo que se estava a propor era uma maneira de melhorar a aprendizagem dos filhos, poupar nas despesas de educação e os pais terem em casa uma «ferramenta» sempre útil para qualquer eventualidade.

Por não haver a colaboração pretendida e inicialmente programada, a experiência não se realizou e foi interrompido o apoio que estava a ser dado à criança que tinha melhorado substancialmente. O objectivo era conseguir que essa criança, dentro de quatro ou cinco anos, fosse capaz de ajudar alguém que estivesse a vender revistas e jornais num quiosque. Ela ainda conseguiu
frequentar algumas escolas especiais, mas hoje parece estar pior do que em 1977, sentada numa varanda, a menear a cabeça e quase a não sair de casa.
Teremos de continuar sempre boquiabertos e de cabeça baixa, à espera dos «milagres» que se fazem no estrangeiro enquanto se despreza tudo o que se pode fazer cá? Os portugueses não têm demonstrado que a sua tecnologia e descobertas até são cobiçadas em muitos países? Depois do desabafo do Joe Morrow e, posteriormente, do seu colega, resta o meu, para dizer que "não se esqueçam de importar também banqueiros dos EUA que talvez até sejam mais baratos mas também mais engenhosos do que os de cá!"
Mário de Noronha

Agora, na colecção da Biblioterapia já existe o livro «PSICOTERAPIA... através de LIVROS...» (R) para orientar os que desejam ser autónomos ou ter pouca ajuda de especialistas.


A PEDAGOGIA EM PORTUGAL **

Mensagem recebida via
educacao-em-portugal.blogspot.com:
Agradecia um comentário, do ponto de vista de um psicólogo.
O meu filho diz que eu não descobri nada, está tudo nos livros, por isso acrescentei a referência ao livro (o qual não li :-) ).
Cumprimentos
J. C.” 
(José Carrancudo)

Caro José,
Tendo recebido, há dias, a sua missiva que muito me honrou e satisfez, senti necessidade de tomar conhecimento de outros posts que poderiam ser úteis para a minha compreensão e resposta.
Contudo, não consegui saber a que livro se refere.

O comentário que me pediu para fazer vai ser apenas a nível opinativo com base na minha prática clínica de psicologia, psicoterapia e psicopedagogia que tenho exercido nos últimos 30 anos. Isto quer dizer que durante todo este tempo colaborei com a minha mulher, professora do ensino secundário e empenhada na reeducação e integração de crianças com dificuldades no ensino regular.
Quando nós dois aprendemos a ler, foi através do reconhecimento das letras e formação de sílabas.
Quanto aos nossos filhos, foi a mãe que lhes ensinou a conhecer e reconhecer as primeiras letras, a formar sílabas, palavras e frases. O mesmo não posso dizer dos meus netos que, ao atingirem a idade escolar, aprenderam a ler pelo método visual (global?). Actualmente, apresentam por vezes, algumas dificuldades na leitura.
Utilizando somente a calculadora, também lhes fez falta não decorar e não memorizar a tabuada.
Também diversas outras noções adquiridas noutros conhecimentos, foram apenas através da memória, frequentemente, sem compreender o que estávamos a ler, decorar e estudar: era uma espécie de repetição tipo papagaio. Não gostamos, a não ser quando conseguimos ver e compreender as coisas, com a lógica e a prática necessárias.
Até aos cinco anos de idade não falei outra língua senão o português. Depois, comecei a frequentar uma escola inglesa e tive de me adaptar à língua inglesa que era obrigatoriamente falada na escola. E em casa dos avós, quem, para além da família, me entendia bem se não falasse concani? Não foi uma adaptação fácil mas possível e necessária devido às necessidades do momento. Por isso, as necessidades linguísticas dos nossos emigrantes não me parecem difíceis de ultrapassar com um pouco de boa vontade e persistência que, logicamente, exige memória.
Se no PPCI exigem a criatividade e a crítica, de que maneira será possível criticar aquilo de que não se tem memória? Sem memória como podemos recordar aquilo que aconteceu anteriormente? Quanto melhor ela for, mais segurança podemos ter naquilo que fazemos. A memória é tão importante que até na reeducação utilizamos frequentemente exercícios de treino e prática da mesma.
Ao longo da vida, as crianças vão formando e estruturando a sua personalidade ou a sua «maneira de ser», geralmente, através dos modelos dos pais. Seguramente, não basta imitá-los no momento em que eles estão a actuar. Como poderemos imitá-los em momentos posteriores, se não nos lembrarmos dos seus comportamentos? A memória não será uma componente fundamental nessa aprendizagem como em muitas outras?
Em quase todos os aspectos da vida temos de utilizar a memória. Senão, qual a razão de dizermos que uma pessoa está «a degradar-se» quando começa a entrar na «doença de Alzheimer»?
Se vamos por um caminho e não nos lembramos dele, como poderemos ter a possibilidade de regressar? A memória não será fundamental para isso? Se tivermos uma boa memória da «disposição» dos aposentos da nossa casa, podemos chegar com pouca dificuldade ao quadro de electricidade quando a luz se apagar. Numa residência nova para nós, talvez seja mais difícil por não nos lembrarmos bem da disposição das instalações.
Nos primeiros tempos em que estive na navegação, aproveitei a memorização da mnemónica GOAT (Greater Observed Altitude Towards «the substellar point») que os navegadores treinados no Canadá utilizavam para verificar facilmente a nossa posição no ar em relação à terra.
Quando estive a leccionar Matemática aos alunos do 5º ano (antigo 1º ano do ciclo preparatório), eles tinham dificuldade em fixar a ordem de resolução das operações nas expressões numéricas e como estávamos numa época de turbulência política, ajudei-os a utilizar a mnemónica PPD/MAS (Parêntesis, Potências, Divisões, Multiplicações, Adições e Subtracções). Assim, reduzi a necessidade de memorizar a sequência das operações com uma mnemónica que era mais fácil decorar e memorizar do que as operações em si e ajudei a poupar a memória.

Se eu não utilizasse a lógica, talvez não conseguisse fazer esta comparação mas seria possível fazê-la se não me lembrasse dos eventos que relatei?
Do mesmo modo, porquê fazer um drama quando uma pessoa tem um acidente e se esquece do que aconteceu? Ela continua a viver física e fisiologicamente, mas pode não se lembrar dos conhecidos, amigos e até dos familiares. Pode não se recordar de muitas coisas da sua vida. Se a memória não é importante porquê tentar a sua reabilitação? Se a reabilitação é boa, qual a razão de não a fortificar? O treino é fundamental. Se o mesmo se puder fazer através dos estudos ou até para melhorar a sua eficácia, estamos a juntar o útil ao necessário e futuramente proveitoso.
Se em psicoterapia eu não tentasse avocar a memória dos «pacientes», como poderia incitá-los a reviver os momentos da sua vida mais interessantes, importantes e agradáveis? Se tiveram um bom sucesso num determinado momento e se esqueceram dele, porque não o reavivar
para poderem extrair dali um outro modelo possível para o futuro? Esses factos estão apenas no seu «arquivo pessoal» aos quais não chegaríamos se não houvesse memória.
Desprezar, minimizar ou ignorar qualquer das nossas capacidades ou não tentar optimizá-las quando possível, parece-me um erro crasso. Senão, para quê a reeducação e a reabilitação dos deficientes? Porquê o atletismo e a demonstração da maximização de determinadas capacidades? Podemos não ser e até, talvez, não devamos ser radicais. Mas potenciar tudo o que é favorável para o bem-estar humano julgo ser digno de louvor.
Contudo, devemos adaptar-nos às situações da maneira mais conveniente. Por isso, eu tento não utilizar cegamente uma determinada linha terapêutica mas procuro adaptar-me às necessidades do paciente. Do mesmo modo, no ensino, julgo que é ao professor que compete utilizar as técnicas necessárias em cada situação de
acordo com o «material humano» que tem entre mãos. Porém, nada impede que a orientação geral
seja unânime para todos, com definição de objectivos.
Por isso, parece-me que um treino multifacetado dos docentes pode dar origem a um ensino mais criativo, crítico e desenvolvimentista.
Do meu ponto de vista, quanto mais se desenvolverem as capacidades humanas, sem sobrecargas ou radicalismos, melhor se poderá aproveitar o potencial de cada um de nós.

Provavelmente, se quiser, diremos alguma coisa sobre disciplina, stress e aprendizagem.
Cumprimentos,
Mário de Noronha

Em 2018, já existe na colecção da Biblioterapia o 18º livro «PSICOTERAPIA… através de LIVROS…» (R),
destinado a orientar os interessados para a leitura e consulta adequada de livros, desde que desejem enveredar por uma psicoterapia, acções de psicopedadogia, de interacção social e de desenvolvimento pessoal, autonomamente ou com pouca ajuda de especialistas. 

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