sexta-feira, 20 de março de 2009

TABACO e Ciª

“Sinto-me completamente derreado com o vício do tabaco que adquiri desde muito novo. Tenho 75 anos e uma vida cheia de peripécias passadas nas Forças Armadas. Com mais de uma dezena de anos no Ultramar, já vi pelo menos quatro pessoas morrerem por causa do tabaco. Quase que vejo à minha frente os seus rostos aflitos agarrados a uma garrafa de oxigénio. Eu já não fumo por gosto mas por aquilo que todos chamamos vício e consumo, em regra, um maço por dia. Agora tenho dores nas costas e umas ânsias muito grandes. Por isso, depois de andar em consultas, fui parar ao hospital.
De família, estou bem aviado. Mas, morrer como aqueles quatro provoca-me uma certa ansiedade e medo. Ainda poderei fazer qualquer coisa por mim, pelo menos para não ter uma morte como a daqueles quatro?
Sou o
Lopes de quem se deve lembrar.


Caro Sr. Lopes. 
Recebi, «por boca», a sua mensagem acima transcrita.
O vício que o «apanhou» é difícil de ser erradicado aos 75 anos de idade e, pelos vistos, há pelo menos meio século que o mesmo se instalou. Outra dificuldade é ser «vício» e não «gosto», o que se torna mais complicado de reduzir ou eliminar. Contudo, a vida é sua e sabe o que deve fazer com ela. Se está bem aviado de família, já a consultou e sabe a sua opinião? Que direito tem o senhor de contrariar a vontade duma família inteira que deseja o seu bem-estar? Pense no assunto e decida o mais rapidamente possível. Apesar de muito difícil, depois da morte como os outros quatro, vai-lhe faltar tempo que ainda tem para arrepiar caminho.
Tem duas coisas simples a fazer e qualquer delas não lhe rouba tempo para as suas diversões.

Como me diz que fuma normalmente um maço por dia, a primeira coisa a fazer durante as primeiras duas semanas (a) é retirar todos os dias um cigarro do seu maço e guardá-lo «longe das tentações» numa caixa vazia, num lugar seguro. Fumar o menos possível, sempre que puder, mas acabar o resto do maço aberto, mesmo que seja à força, duma só vez, à noite.
Abrir todos os dias um maço novo e repetir o procedimento nos dias seguintes sem fumar mais, qualquer que seja a desculpa.
Nas duas semanas seguintes (b), repetir o mesmo procedimento, retirando todos os dias dois cigarros e guardando-os na mesma caixa.
Nas duas semanas seguintes (c), repetir o mesmo procedimento, retirando todos os dias três cigarros e guardando-os na mesma caixa.
Repetir o mesmo procedimento - de duas em duas semanas - nas semanas seguintes (d, e, f, g, h, i, j, l, m, n, o, p, q, r, s, t), tirando todos dias mais um cigarro do que nas duas semanas anteriores, até já não ter cigarros para tirar ou fumar, isto é, ao fim de 38 semanas.

Se fizermos um esquema, podemos visualizar os procedimentos que os 20 cigarros de cada um dos 38 maços exigem para serem eliminados de vez, começando por fumar 19 na primeira semana, passando a 18 na terceira e a 1 na trigésima oitava semana. E o fartote de cigarros que vai ter na caixa se, por economia, não quiser formar um novo maço quando a caixa atingir 20!

Assim, com uma dessensibilização progressiva ao vivo, ao fim 38 semanas poderá eliminar o seu vício se não o «incentivar» posteriormente seja de que maneira for e em quaisquer condições. Bem existem os amigos «da onça». Por isso, há que resistir aos seus apelos e, às vezes, aos seus dichotes.

Para isso, tem uma segunda via. Pense bem na sua vida, na satisfação que tem em estar «vivo» com os seus. Não menospreze a satisfação que os outros poderão ter na sua companhia vivo e saudável.
Tente praticar pelo menos o relaxamento descrito em , com atenção ao . Está descrito neste blog, em AUTOTERAPIA, de 24 Fev. Se quiser, pode utilizar uma música do seu gosto.
Quando conseguir relaxar-se, de olhos fechados, imagine que está a ver os rostos dos quatro agarrados à garrafa de oxigénio e vá substituindo lentamente a cara de cada um deles pela sua. Será que vai gostar?
E se, em vez disso, estiver bem rodeado da sua família e de boa saúde?Também tem a capacidade de imaginar que, quando pensa num cigarro, este sai inesperadamente do maço, posta-se à sua frente, vai engrossando e, como o cano duma pistola fica apontado à sua cabeça enquanto diz: “Ou deixas de me massacrar ou
acabo-te com a vida”. O comportamento mais sensato perante uma ameaça destas seria deixar de o massacrar. Ao fugir dele, como qualquer pessoa sensata, dando um suspiro de alívio, iria gozar a felicidade de continuar vivo e não morto por esse maldito cano (de cigarro)! Imagine essa fuga e tente gozar esses momentos de prazer.
Como deve estar a fazer isso quando for para a cama depois dos essenciais «sinais de fumo», veja que até este tempo é um tempo perdido. Podia estar a dormir ou a ver uma telenovela! 

Proceda devagarinho e não seja precipitado. O reforço social negativo aleatório é muito «viciante» e, para quem o tem, contrariá-lo torna-se ainda mais difícil.
Tente fazer tantas sessões, quantas puder, de relaxamento e imaginação orientada, mesmo durante o dia e quando descansar depois das refeições. Imagine os maus momentos que pode passar se continuar no vício como os outros quatro e mude para os bons momentos que ainda pode ter com toda a sua família. Pense nas aventuras que viveu na sua vida profissional e das quais não se lembra há muito. Pode ainda utilizar a leitura ou outros passatempos nos momentos em que sentir necessidade de fumar. As primeiras oito a dez semanas poderão ser as mais difíceis.

Estes dois procedimentos podem ser efectuados em conjunto.
Descubra que vale a pena.
Boa Sorte.

Em 2018, já existe na colecção da Biblioterapia o 18º livro «PSICOTERAPIA… através de LIVROS…» (R), destinado a orientar os interessados para a leitura e consulta adequada de livros, desde que desejem
enveredar por uma psicoterapia, acções de psicopedadogia, de interacção social e de desenvolvimento pessoal, autonomamente ou com pouca ajuda de especialistas.

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1 comentário:

Anónimo disse...

Quando fiquei desempregado, o desespero levou-me à bebida e foi um esquema semelhante ao primeiro que me salvou a situação em menos de 6 meses. A diferença foi trocar o cigarro por um copo de três (2 dl)de cada vez. Por indicação dum amigo que me ajudou, só verbalmente, nunca mais toquei na bebida para evitar reincidências. A força de vontade e a persistência são muito importantes.
Agora, embora desempregado, até faço uns biscates e ajudo o meu filho de 15 anos a navegar na Internet. Ele bem precisa. Até já.